Meu caro amigo Jorge, depois da experiência na USP, não deixei mais de fazer teatro, mas sempre no amadorismo, ocupando a maior parte do meu tempo lecionando. Cheguei a ministrar 15 aulas por dia, de segunda a sábado, em cinco cidades diferentes. Quando trabalhei no Pré-Médico na Consolação, criei um grupo de teatro com os alunos e montamos um espetáculo muito bonito com textos de Brecht e Mário de Andrade (foto) interligados com poemas de Drummond, Augusto dos Anjos e João Cabral de Melo Neto. Agora, como entrei no teatro profissional, foi interessante. Eu já estava com a Editora Flâmula, quando recebi um telefonema de um diretor de teatro que disse ter recebido orientação da produtora para pedir a minha ajuda. Ela tinha sido minha aluna e recomendou que ele não fizesse a adaptação do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas sem a minha assessoria.
Claro que topei a parada e depois de vários dias de trabalho terminamos, então ele me pediu para ir ao teatro no dia da leitura com a finalidade de fazer uma palestra para os atores sobre Machado de Assis (foto) e seu romance. Fui e como faltou um ator, ele me pediu para ler as falas do Brás morto. Eu o fiz e ele gostou do que fiz. Resultado, convidou-me para interpretar o Brás morto. Rapaz, nunca um morto pulou tanto, fiz tanta pirueta, até parada de mão eu fazia no meio da plateia. Parada de mão é que nem plantar bananeira, mas sem pôr a cabeça no chão.
Esse diretor chama-se José Paulo Rosa (foto) e o grupo é o Grupo de Teatro RIA. Trabalhamos no Teatro Lucas Pardo Filho durante muitos anos. Depois desta fizemos várias peças juntos: Caeiro em Pessoa, Sagarana, Primeiras Estórias. É um grupo de teatro de repertório, continuam trabalhando em São Paulo, só que agora num teatro muito melhor. Vivi muitos momentos de felicidade com esses trabalhos e sempre recebi muito carinho de toda a equipe. Morro de saudade de tudo aquilo.
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