terça-feira, 30 de junho de 2015
BRÁS CUBAS e meu ingresso no teatro profissional.
quarta-feira, 24 de junho de 2015
Eu e o Teatro um Amor Antigo…
MINHA SEGUNDA EXPERIÊNCIA COM TEATRO*
Está bem. Claro, prometi e vou cumprir. A segunda experiência foi muito tempo depois. Eu nem pensava mais em teatro. Eu já estava estudando Letras na USP, quando um calouro iniciou o curso revolucionando tudo, chegou convidando os colegas por meio do CAEL, o nosso centro acadêmico, para fazer um curso com ele. Não me lembro se era sábado ou domingo, mas era em um desses dias, com certeza, porque a preparação e os ensaios seriam em nossas salas de aula. Ainda estávamos nas colmeias, é, assim eram chamadas as instalações porque tinham o formato das células de uma colmeia. Eu achava lindo, gostava muito.
O primeiro dia de trabalho foi uma loucura, o sujeito quase caiu duro porque compareceram setenta estudantes interessados em fazerem o curso. O diretor chegou imponente, sério, falando firme e mandando todo mundo repetir o que ele fazia. Meu amigo, até hoje fico pensando como foi que eu consegui. Eu não fazia nada de exercício físico e ele utilizou uma tal de ginástica canadense que era empregada na preparação física dos astronautas. Foi o que ele falou. Tinha lá uma hora que ele mandava a gente ficar em pé, esticados, duros e tínhamos que ir inclinando para frente até cair e só podíamos amparar o corpo, para não se esborrachar no chão, no último momento. Já pensou? Ele era muito jovem, devia ter uns dezoito anos, eu já estava com vinte e seis. No segundo encontro apareceram só trinta pessoas. A ginástica pesada tinha esse objetivo, reduzir o número de pessoas. Com o tempo esse grupo ainda encolheu mais, terminamos com quinze. Bem, depois de algumas semanas, o rapaz já tinha na cabeça o que iria montar. O espetáculo começaria com um mimodrama do Mário de Andrade, “Eva”, que seria seguido de um ritual que criaríamos durante os trabalhos, transitando para um monólogo, construído por ele com fragmentos importantes da peça de Roberto Athayde (foto abaixo), intitulada “Apareceu a Margarida”. Ao informar isso, já escolheu o ator que faria a Margarida, porque queria um homem interpretando a professora histérica, representando a ditadura militar. Só que a escolha dele apavorou o rapaz, que abandonou o grupo naquela mesma semana. Eu soube na segunda e na tarde do mesmo dia, comecei a decorar o texto. Quando chegou o dia da reunião seguinte e o diretor foi informado da desistência, ficou muito aborrecido. Disse que desejava muito que o jovem fizesse e que já antevia a personagem bem interpretada por ele. Nem pensei na frustração dele, porque eu fora com meu propósito bem firme, substituir o desistente antes que alguém o fizesse. Disse ao diretor que podia fazer o papel. Ele olhou para mim com uma cara que eu interpretei assim “você não tem competência para isso”. Não desanimei, insisti. Ele entrou com a objeção de que era um texto longo, tinha muita coisa para decorar, então comecei a declamar o que havia decorado e, claro, fiquei com o papel.
No dia da estreia, após a apresentação, um amigo veio me procurar e me elogiou dizendo:
− Rapaz, que ótimo! Você está muito bem! Eu fui ver o espetáculo da Marília Pera. Você está melhor do que ela.
Bem, vamos esclarecer algumas coisas. A atriz estava fazendo a Margarida e nós sabíamos disso. O diretor preparou-nos antes dizendo que seriam dois trabalhos diferentes e que não caberia comparação. Outro aspecto é que o rapaz era meu colega e depois se tornaria um grande amigo, logo teria que pesar o aspecto emocional. Mesmo assim, fiquei muito feliz com o elogio. Esse amigo chama-se José Paulo Ferrer, a quem convido para escrever aqui e contar a versão dele. Aproveitando, Zepa, desenha algo para meu blog!
O que mais me fez acreditar no trabalho artístico que estava fazendo foi o que aconteceu com outro amigo, José de Alencar. Esse encontrou-se comigo e muito irritado, reclamou:
− Você me convidou para ver sua peça, eu fui e você não estava lá. Você não trabalhou e nem mesmo estava na plateia. Quando terminou, aquele grupo ficou parado, a gente batendo palma e todos parados e ficaram assim até que toda a plateia se retirou.
Cansei de explicar a ele que eu fazia a Margarida, logo ele deve ter me visto, mas não adiantou, ele não aceitou que aquela personagem era interpretada por mim. Então aceitei como o maior elogio feito ao meu trabalho. Na apresentação que se seguiu isso foi confirmado porque, depois que todos se retiraram a gente tirava maquiagem e figurino e só então saíamos para abraçar amigos e parentes. Quando eu saí, havia um estudante da Poli que muito nervoso estava dizendo que iria quebrar a cara da Margarida. Eu fiquei apavorado. Não estava com vontade de apanhar. Ao tentar passar por ele, fui agarrado pelos braços e ele tenso, emocionado, me perguntou:
− A Margarida vai demorar a sair? E eu fui rápido na resposta:
− Não, ela vai sair agorinha mesmo. E me mandei rapidinho.
*Este é meu segundo texto sobre minhas peripécias no teatro. Quer ler o primeiro? Clique Aqui!
sexta-feira, 19 de junho de 2015
POESIA DO AMOR E DA VIDA – Geraldo Chacon
PRÉ FÁCIL no lugar de PREFÁCIO.
Todo livro tem seu sabor, como uma fruta de época todos parecem gostosos ao seu tempo.
Capa Artesanal feita por Euclydes Júnior. |
Brasão da Academia Araruamense de Letras |
Capa do Livro Poesia do Amor e da Vida |
quinta-feira, 18 de junho de 2015
Minha Vida no Teatro
Então eu ainda não lhe contei como comecei a fazer teatro? Se lhe interessa vou fazer um breve relato.
A primeira experiência nem valeria a pena contar, a não ser por um episódio cômico.
Por causa disso vou lhe resumir.
Eu morava em Ermelino Matarazzo, bairro operário de São Paulo e fazia parte dos Congregados Marianos, grupo de jovens religiosos. Apareceu em nossa igreja um maluco que trabalhara em teatro circense e queria montar a Paixão de Cristo no Círculo Operário do bairro, porque lá já havia um palco. Ele tinha o cenário, quer dizer, aqueles telões que no circo eram utilizados para simular o espaço da ação. O padre pediu que colaborássemos e lá fui eu.
Como os demais rapazes e também os adultos, nunca havia assistido a uma peça de teatro. Cinema eu frequentava desde os nove anos, mas teatro, jamais.
Começaram os ensaios e o diretor ia distribuindo os papéis, mas ao decorrer dos ensaios muitos iam desistindo e eu abraçando os personagens abandonados. Já estava com cinco, então declarei que não pegaria mais nenhum. Decorei bem todas as falas, mas no último ensaio, na véspera da apresentação, o sujeito que interpretava o bom ladrão se sentiu mal, teve diarreia e declarou que não conseguiria fazer o papel.
O diretor logo declarou:
− Esse papel é seu também.
− Não, de jeito nenhum, já falei que não pego mais nada. Tenho muita coisa e até a manhã não vou conseguir. Pode desistir.
− Não há outro jeito, você precisa fazer, porque todos os demais estarão em cena. Só você está fora de cena, quer dizer, estava, porque agora será o bom ladrão. Não se preocupe com a fala, eu sopro para você porque estarei atrás do telão, bem onde você fica pendurado na cruz.
Vi que não conseguiria resistir e parei de reclamar.
No ensaio foi tudo bem, ela soprou, eu repeti e passamos duas vezes o texto todo. Fomos para casa extenuados, mas felizes porque antevíamos as emoções que provocaríamos em nossos parentes e conhecidos.
O problema é que no dia da apresentação, quando chegou aquele momento fatídico, aconteceu algo que não ocorrera em nenhum ensaio. E ninguém me avisou que isso ocorreria. No momento imediatamente anterior à minha fala, para expressar a situação emocional que deveria ter ocorrido no Calvário, atrás do telão alguém rolava uma bola de boliche pelas tábuas (os técnicos que ficavam na coxia), fazendo um barulho horrível que representava os trovões e outra pessoa vibrava uma lâmina metálica que imitava o som dos raios.
Aquela barulheira não me deixava ouvir nada do que o diretor soprava. E eu me torcia todo, me retorcia, tentava aproximar meu ouvido dos buraquinhos que havia no telão, para tentar ouvir algo. Voltava e me retorcer, olhava para os demais atores no palco, na vã esperança de que alguém me ajudasse. Quase invoquei Nossa Senhora, para ver se a moça que a interpretava me ajudava de alguma forma.
Já estava molhado de suor, não sei do esforço que fazia, quase caindo da cruz, ou ser era fruto do nervosismo. Finalmente o diretor percebeu a demora, entendeu que o barulho não me deixava ouvir, mandou diminuir e subiu em uma cadeira, conforme contou-me depois, para dizer a fala que pude repetir, morrendo em seguida para meu alívio. Provoquei um efeito tão forte na plateia, que durante muito tempo as pessoas me cumprimentavam por ter representado tão bem o sofrimento do bom ladrão. Eu não dizia nada, agradecia, mas pensava “representei nada, sofri mesmo”.
domingo, 14 de junho de 2015
Muito Prazer, sou Geraldo Chacon
Blog Oficial do professor Geraldo Chacon.
Geraldo é um louco sensato, disponível, mas muito ocupado. Vive fazendo sonhos e projetos, tantos que acaba realizando alguns. Um deles é de publicar até dezembro; um romance, um livro de contos, outro de crônicas, mais um de poesia, reunindo a maior parte de sua produção. Além disso, quer ainda, durante esse tempo publicar mais 3 livros didáticos.
Além de professor é ator e adaptador, já adaptou a obra máxima da literatura portuguesa, Os Lusíadas, para monólogo. Levou mais de dez anos, mas já adaptou, decorou e encenou. Faz palestras sobre Fernando Pessoa, Poesia lírica, épica, e outros gêneros literários.
Professor, ator, palestrante, escritor, mas não para por aí, fez curso de Tui Ná, acrescentou massoterapia nas suas ocupações semanais.
Editou mais de 30 obras pela Flâmula e alguns desses livros ainda estão disponíveis pela Distribuidora de livros Catavento de São Paulo.
Formado pela Universidade de São Paulo, começou a carreira de escritor em 1987, publicando seu primeiro livro de poesia O Improviso do Palhaço. Em 1991, estimulado pelo amigo José Luiz Amzalak começou a escrever resumo e análise de obras literárias. Em 1996 fundou a editora Flâmula pra publicar seus próprios livros.
Publicou 3 livros de poesia e mais de 30 obras didáticas, entre elas o livro Síntese da Literatura Portuguesa e Brasileira. Escreveu para o jornal O Ouvidor, de 2010 a 2012, tendo sido o responsável pela coluna de crônicas intitulada “Papo de Letra”.
Recentemente eleito por aclamação Acadêmico da AARALETRAS – Academia Araruamense de Letras, ocupando a cadeira de N° 2 que tem por patrono nada mais nada menos que “O Mago do Cosme Velho” Machado de Assis.