Entrei em cena e improvisei: "Meu nome é Luís Vaz de Camões e eu escrevi Os Lusíadas, em que conto a viagem de Vasco da Gama às Índias.Creio que faz dois anos que o Vasco da Gama esteve aqui e contou a chegada dele em Melinde, onde narra para o rei de lá toda a história dos reis de Portugal e de sua viagem até ali. Quando terminou estavam todos embevecidos..."
e aí já emendei para o texto normal contando o fim da viagem e a volta a Portugal. Mas logo no começo, nesse momento, ali em cima, em que aparecem os três pontinhos, as reticências, eu já havia observado a atenção e ligação forte da plateia e também a presença do meu amigo e companheiro de trabalho em outra peça, o Solano, e mais surpreso ainda fiquei quando reconheci o rosto de um senhor muito simpático e atento, na primeira fileira.
Lembrei-me dele. Ele era dono de um mercadinho perto do teatro. Eu falei do meu trabalho, convidei-o, mas ele disse que não poderia ir, porque fechava o mercado às 20:00 quando começavam as apresentações e ainda tinha que ir ao fornecedor para trazer produtos para reabastecer seu estabelecimento. Que agradável surpresa!
Bem, apesar da trilha musical não ter tocado porque deu algum tipo de erro no computador, eu fiquei numa sintonização tão harmoniosa com o público que nem liguei e ainda improvisei "cacos" e cenas que levaram as pessoas ao riso e a momentos de emoção que também me tocaram muito. Felicidade incrível, esse é o melhor pagamento para nós artistas, o maior prêmio! Aplaudiram muito! E eu ainda me enlevo de amor e gratidão até hoje!
Algumas fotos registradas por Marcos Souza:
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