sexta-feira, 18 de novembro de 2016

INTERPRETANDO OS LUSÍADAS

Inês ao se ver presa e arrastada com os filhos perante o rei, pai de seu amante Pedro, implora: "Ó rei, que tens de humano o rosto e o peito. A essas criancinhas tem respeito pois não o tens por mim. Que elas comovam seu coração que pena de mim não tem, apesar de não ser culpada de nada. Se vencendo os mouros a morte soubestes dar, saiba também dar a vida, a mim que nada fiz de errado para perdê-la  Se minha inocência merecer piedade de ti, envie-me em exílio para a Cítia ou Frígia, onde viverei com essas crianças. Que elas sejam consolo para a mãe triste". Essas são as palavras que Camões coloca na boca de Inês de Castro. Veja minha adaptação e interpretação no Youtube. Clique aqui: A MORTE DE INÊS DE CASTRO

sábado, 12 de novembro de 2016

FINALMENTE, HAVIAM CHEGADO À ÍNDIA

(Foto de Hilton Nascimento, cedida pela revista La Femme)

Quando a manhã clara dava nos montes, os marinheiros de cima da gávea avistaram terra alta: "Terra à vista!" Finalmente, haviam chegado . . . à Índia. (Adaptação)

(Original)
Já a manhã clara dava nos outeiros
por onde o Ganges murmurando soa,
quando da celsa gávea os marinheiros
enxergaram terra alta, pela proa.
Já fora de tormenta e dos primeiros
mares, o temor vão do peito voa.
Disse alegre o piloto melindano:
"Terra é de Calecut, se não me engano". ( Camões, Os Lusíadas, Canto VI)



sexta-feira, 11 de novembro de 2016

PRÓXIMO ENSAIO ABERTO DE OS LUSÍADAS

 JÁ ACONTECEU

03 de JANEIRO de 2017 às 19 horas

ONDE? R. Sebastião Pereira, 161 - perto do metrô SANTA CECÍLIA

 
Fotos cedidas por Hilton Nascimento da revista La Femme.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

CAMÕES e FERNANDO PESSOA

Camões em Os Lusíadas mostra Vasco da Gama ameaçado pelo Gigante Adamastor, que representa o Cabo das Tormentas. Assim coloquei em minha adaptação: "Eu sou aquele oculto e grande cabo a que chamais vós outros Tormentório (. . . ) Aqui espero tomar de quem me descobriu suma vingança e não ficará só nisso o dano de vossa persistente confiança (. . . ) Fui um titã, chamava-me Adamastor." Só para dar uma pálida ideia. 

Agora vejam o que fez o genial Fernando Pessoa em seu livro Mensagem:


O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

Esse poema é uma paródia no sentido literal grego da palavra, um canto paralelo, revelando uma forte intertextualidade.